Tem sido um ano cheio de polêmicas, isso é fato! Mas cheio de aprendizados também.
Então vamos lá, tá na hora de começar a se despedir e de pensar em coisas novas ou então, ao menos, em inovar!
Acho que é isso que me move, pensar no que pode ser melhor...
E para pensar no que posso melhorar e no que o meu entorno pode melhorar, quero hoje fazer uma breve análise.
O início do quarto semestre começou com muitas novidades para mim. Pois, como já contei em outra postagem, saí de uma bolsa em que eu já estava há um ano e meio para começar em outros dois lugares, na Bolsa de Iniciação Científica na Rede Governo e no Estágio na Secretaria Municipal de Saúde. Mas além disso, minha relação com o curso também mudou durante esse semestre. Isso porque senti muitas pessoas desesperançosas com a política brasileira e com problemas e conflitos que estiveram acontecendo em todo o mundo. E a partir disso, comecei a me sensibilizar mais para uma postura diferente frente a toda esse deslocamento que afetou a todos, ao mesmo tempo em que me senti angustiada em diversos momentos. Surgiram perguntas como: Por que tudo (e todas as relações) é tão complexo e complicado? Como construir um equilíbrio para lidar com tantas informações, em sua maioria ruins, e ao mesmo tempo procurar respostas e formas de contribuir para melhorar esse cenário? Como não perder a motivação?
É um desafio pensar em tudo isso, todos os dias, sem perder o foco das atividades que precisamos cumprir, tiveram vezes que inclusive me frustrei por não conseguir me envolver mais com algumas coisas ou por não entendê-las. Mas foi uma satisfação poder ver exemplos de colegas, professores, monitores que trabalham transformando realidades e condições, ou então, que tentam mostrar caminhos melhores e mais humanizados para diferentes pessoas. E está sendo uma satisfação ver que faço parte de movimentos assim, tanto com estudos, quanto nos espaços de trabalho auxiliando pessoas e ajudando a construir melhores condições.
É um turbilhão de coisas e sentimentos que eu poderia colocar aqui, fico com essas palavras por enquanto, porque nem tudo é possível de expressar.
No último sábado, dia 21, participei da última atividade da Ação de Extensão Evolução das Instituições de Saúde: Um Olhar Interdisciplinar. Fizemos a visita ao cemitério e ao museu da Santa Casa. Foi uma visita com uma carga histórica gigantesca e muito interessante, onde pudemos observar aspectos como, por exemplo, a influência de determinantes socioeconômicos na construção dos cenários visitados.
Atividades como essa, na minha opinião, contribuem de forma muito significativa com nossa formação dentro da Saúde Coletiva. Pois assim podemos observar os movimentos e influencias que compõem o histórico das instituições de saúde. Dessa forma, estaremos mais sensibilizados a perceber as intercorrências que acontecem no meio do caminho e a nos relacionar mais adequadamente com elas em um espaço de gestão e de tomada de decisões.
O Hospital de Pronto Socorro de Porto Alegre
promoveu na última sexta-feira, 23, o 1º Fórum Multidisciplinar de Trauma em
Pediatria. O evento reuniu especialistas do HPS e de outras instituições para
debater a realidade dos atendimentos de emergência em pediatria. A rotina
diária tem revelado um aumento preocupante nos casos de crianças com
queimaduras graves provocadas por acidentes domésticos. Também tem chamado a
atenção das equipes o numero crescente de crianças atingidas por armas de fogo
e armas brancas (facas e outros instrumentos perfurantes/cortantes). Este
último aspecto é um indicativo claro do impacto da violência urbana nas UTIs
pediátricas.
Durante o
evento, participei de apenas duas exposições, sobre Epidemiologia da violência
urbana na população infanto-juvenil de Porto Alegre, com a psicóloga Sandra
Kurtz, da Equipe de Eventos Vitais, Doenças e Agravos Não Transmissíveis,
Vigilância de Violência e Acidentes - CGVS e sobre o Estatuto da
Criança e Adolescente e o papel dos equipamentos de proteção social, com a
assistente social Cristine Kuss, do Serviço Social do HPS. A primeira apresentou dados dos
agravos por causas externas que atingem à população infantojuvenil e que são a
3ª causa de morte em Porto Alegre já superando as Doenças respiratórias, sendo
que dos 10 aos 39 anos é a 1ª causa de morte. A segunda apresentação apontou as
responsabilidades que o Estatuto da Criança e do Adolescente dirige para a
sociedade em geral e, principalmente ao setor público, e mostrou algumas das
intervenções que a equipe do HPS faz para tentar garantir uma proteção mais
ordenada dos direitos das crianças e adolescentes.
A reflexão proposta foi em cima da
questão “Por que é importante fazer a vigilância das violências?” e se apontou
que é a partir da vigilância que se tenta identificar onde estão casos de violência
envolvendo negligência, trabalho infantil (quase nunca identificado), abusos,
dentre outras.
Por fim, fizemos uma reflexão a partir do poema de Manoel de Barros, "O menino que carregava água na peneira".
Tenho um livro sobre águas e meninos.
Gostei mais de um menino que carregava água na peneira.
A mãe disse que carregar água na peneira era o mesmo que roubar um vento
e sair correndo com ele para mostrar aos irmãos.
A mãe disse que era o mesmo que catar espinhos na água
O mesmo que criar peixes no bolso.
O menino era ligado em despropósitos.
Quis montar os alicerces de uma casa sobre orvalhos.
A mãe reparou que o menino gostava mais do vazio do que do cheio.
Falava que os vazios são maiores e até infinitos.
Com o tempo aquele menino que era cismado e esquisito
porque gostava de carregar água na peneira
Com o tempo descobriu que escrever seria o mesmo
que carregar água na peneira.
No escrever o menino viu que era capaz de ser
noviça, monge ou mendigo ao mesmo tempo.
O menino aprendeu a usar as palavras.
Viu que podia fazer peraltagens com as palavras.
E começou a fazer peraltagens.
Foi capaz de interromper o vôo de um pássaro botando ponto final na frase.
Foi capaz de modificar a tarde botando uma chuva nela.
O menino fazia prodígios.
Até fez uma pedra dar flor!
A mãe reparava o menino com ternura.
A mãe falou: Meu filho você vai ser poeta.
Você vai carregar água na peneira a vida toda.
Você vai encher os vazios com as suas peraltagens
e algumas pessoas vão te amar por seus despropósitos
Entre os dias 19 e 23 de outubro ocorreu mais uma Semana acadêmica do curso de Saúde Coletiva. Em sua 9ª edição, o tema foi "Um olhar interior: o que produzimos na Saúde Coletiva?", e trouxe diversos trabalhos que são e estão sendo produzidos pelos próprios alunos do curso em diferentes projetos de Extensão, Pesquisa e para as próprias Unidades que compõem a grade do curso.
Pude notar o quanto a Saúde Coletiva tem buscado seu espaço e o mais interessante disso é que os protagonistas desse processo são os próprios alunos. Pesquisas muito interessantes foram apresentadas, com diferentes metodologias envolvendo, em vários trabalhos, intervenções importantes de serem disseminadas por aí.
Entre uma aula e outra, vamos nos dando conta que nem toda ação em saúde é pensada, ou pelo menos, consegue atingir a todas as pessoas, visualizando suas particularidades. Na Unidade de Promoção da Saúde IV, vemos que alguns autores convergem na ideia de que participar de ações para o próprio cuidado é "para quem pode e não para quem quer", e isso é um determinante, principalmente, quando se fala de práticas corporais para a saúde. Luiz Fernando Silva Bilibio, em seu texto "Esquecimento ativo e práticas corporais em saúde", reconhece as práticas corporais como manifestação da cultura corporal e entende que dependendo das condições e da situação as práticas podem representar uma manifestação da intensificação ou de empobrecimento da existência.
Cabe então, a todos nós, usuários e promotores de práticas envolvendo corporeidade e saúde, testarmos nossos limites, cuidadosamente, para estabelecer condicionantes frente ao que se quer e o que se pode praticar.
Para isso, estamos, durante o semestre, tentando desenvolver atividades dinâmicas com a própria turma, para então observarmos o quão próximas de nós estão ou não as intercorrências envolvendo as práticas corporais.
Esse é um exercício que pretendo levar ao longo de minha trajetória...
Teve início, na segunda-feira (21/09), o Workshop Internacional Avaliação de Políticas Públicas: Atenção Básica/Primária e Participação Social em Saúde - Experiências da cooperação Itália e Brasil, que reúne em Porto Alegre pesquisadores, docentes, gestores, servidores e estudantes nacionais e estrangeiros até amanhã, 23 de setembro.
As mesas da manhã de hoje trouxeram as experiências de Maria Augusta Nicoli, da Agenzia Sociale e Sanitária Regionale Emilia-Romagna, Luciano Gomes, da Universidade Federal da Paraíba e Ardigó Martino, da CSI Alma Mater Studiorum Universitá di Bologna, entre outros nomes importantes que fizerem intervenções muito interessantes. O tema principal do Workshop é atenção básica e participação, por isso teve como convidados representantes e servidores dos diversos serviços de Porto Alegre que fazem assistência e gestão nessa área.
Nas apresentações dessa manhã Maria Augusta Nicoli explanou sobre o processo das linhas guias que compõem a atenção básica em saúde na Itália, contando sobre a forma como as comunidades se inserem nesse movimento de construção da linha e a importância dessa participação continuar no monitoramento das atividades posteriores e ligadas a essa implementação. Luciano Gomes, em outra mesa, reforça a importância da avaliação das ações e serviços em saúde, de forma a apoiar o desenvolvimento do conjunto de ações com um olhar para as demandas da população e de seus indivíduos como integrantes principais das complexas redes do sistema de saúde. Após esse momento, Ardigó Martino explanou sobre a transição demográfica que está acontecendo na Itália e mostrou estratégias para enfrentamento das mudanças em relação a demanda de uma população mais envelhecida e com menores taxas de natalidade.
O evento está sendo organizado pela Cooperação acadêmica entre a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e a Alma Mater Studiorum – Università di Bologna (UNIBO) através da Rede Governo Colaborativo em Saúde.
Durante o primeiro módulo da Unidade de Planejamento, Gestão e Avaliação em Saúde III estamos discutindo os Fundamentos e Aplicabilidades da Economia da Saúde. Hoje resolvi escrever um pouco sobre a análise do material organizado por Sergio Francisco Piola e Solon Magalhães Vianna em 1995 e que está disponível em: http://www.ipea.gov.br/portal/index.php?option=com_content&view=article&id=5329. A Economia da Saúde é uma área essencial para se fazer planejamento e administração dos serviços de saúde. Uma das principais dificuldades e desafios é lidar com o pequeno número de interessados que permanecem no setor saúde e que se especializam nessa área. Outro desafio está ligado a diferentes formas de gestão e utilização dos recursos disponíveis o que pode gerar conflitos na área. Um aspecto que precisa ser discutido é o fato de a Saúde ser um campo extremamente complexo e quase impossível de ser traduzido em números, a partir dos dados que são produzidos é necessário que haja uma análise mais profunda das condições. Porém é importante saber que não existe incompatibilidade entre economia e saúde, muito pelo contrário, os instrumentos da economia influenciam fortemente na operacionalidade e nas estratégias em saúde, principalmente tratando-se de recursos limitados (o que faz parte da realidade dos sistemas de saúde). Existem inúmeros estudos ligados à Economia da Saúde e que demonstram como fatores socioeconômicos se relacionam com indicadores de saúde, ou como o desenvolvimento econômico impacta no nível de saúde de uma população. Esses estudos levam em consideração diversos indicadores e estatísticas, dos quais muitas vezes não vemos a relação com os determinantes do processo saúde-doença. Também são realizados estudos que analisam bens e serviços específicos, como aspectos financeiros ligados a medicamentos, aparelhos, procedimentos, tecnologias, investimentos em infraestruturas, etc., que influenciam muito na tomada de decisão dos gestores em saúde. Um trabalho muito importante para a definição das prioridades de saúde e para a elaboração de políticas públicas está ligado ao ESTUDO DA FUNÇÃO DISTRIBUTIVA DO SISTEMA DE SAÚDE, pois visualiza as situações de desigualdade e equidade no acesso e utilização do sistema de saúde, buscando analisar as condições mais desprivilegiadas da sociedade e pensar propostas para elas. Algumas controvérsias são colocadas em pauta quando se fala de “desenvolvimento econômico” e “nível de saúde”, pois não existe um consenso do que vem antes. Atualmente, trabalha-se na perspectiva de que a saúde faz parte do processo de desenvolvimento social e econômico de uma população, em que o Estado tem o papel de explicar a evolução dos níveis de saúde, sendo essa evolução parte integrante da situação social. Outra controvérsia é observada quando se trata de direito à saúde, pois isso está ligado a dois fatores: a participação efetiva do indivíduo na busca pela saúde e as prioridades de aplicação de recursos. O primeiro fator coloca em evidência a controvérsia de que apenas o acesso aos serviços de saúde não basta para se adquirir saúde, é necessário que o indivíduo participe do processo para que possa alcançar melhores condições. E o segundo fator aponta que nem sempre é possível investir em programas e ações que trazem benefícios para a população em geral, isso traz para debate a questão: Como garantir o direito que é de todos com recursos limitados? No Brasil, a abrangência em economia da saúde está ligada à visualização e análise da diversidade de serviços de saúde e suas distorções. Essas distorções se relacionam à falta do estabelecimento das reais necessidades da população, à desigual distribuição geográfica dos recursos, ao uso excessivo de medicamentos, à má utilização dos recursos e das tecnologias, à competição do setor privado, dentre outros fatores. Isso traz consequências tanto à economia do país, como a diversos outros setores e gera questionamentos que necessitam ser contextualizados e repensados visto que é de responsabilidade dos governos o uso racional dos recursos públicos investidos em saúde. Esses são conhecimentos que pretendo sempre poder utilizar, até para ter a consciência que investimento em saúde se faz com responsabilidade. A FUTURA SANITARISTA
Na aula de Tutoria IV de ontem (03/08) assistimos ao documentário "Vida Maria", a partir dele nos foi proposto uma Reprodução Social através de uma análise crítica de como nos colocaríamos nesta situação.
O curta metragem nos sensibiliza para pensar em várias condições que estão colocadas a mulheres e que são silenciadas durante toda uma vida e perpassam isso por muitas gerações. Mas também sinto o quão complexo é pensar sobre isso, pois não consigo me colocar realmente no lugar delas para sentir e vivenciar tudo o que se passa na vida dessas Marias. Mas como mulher, consigo perceber como a sociedade patriarcal está presente em todos os espaços da minha convivência, por exemplo, quando eu ando na rua e recebo cantadas, quando eu vejo homens ainda recebendo maiores salários que mulheres estando no mesmo cargo, quando eu vejo relatos de meninas, diariamente, nas redes sociais, etc.
Além de uma profunda discussão das questões trazidas no vídeo, conversamos sobre algumas questões relacionadas a governabilidade atual (ou a falta dela) e polêmicas que estão efervescendo nas diferentes esferas estatais, como o corte de verbas na educação e o atraso e parcelamento dos salários aos servidores públicos estaduais.
Mas para falar sobre isso aqui, eu precisaria uma semana inteira!
O ano está passando e, como sempre, sem dar trégua, quero recapitular algumas coisas, faço isso conforme vou tendo uma ideia do que está por vir, então como agosto foi um mês cheio de novidades em relação ao que vivo através da Saúde Coletiva, vai aí um resumão. Comecei o ano me matriculando em oito Unidades de Produção Pedagógica e continuando a bolsa, em que eu já estava desde o início de 2014, no Núcleo de Avaliação da Unidade (NAU) da Escola de Educação Física que está passando por modificações em seu Regimento, e também passará a ser chamada Escola de Educação Física, Fisioterapia e Dança (ESEFID). Nessa bolsa, trabalhamos em dois projetos maiores durante esse ano, o processo de modificações no Regimento da Unidade (processo que resultou em 2 seminários e 4 plenárias) e o processo de avaliação dos currículos dos cursos de Educação Física, Fisioterapia e Dança (que iniciou com formulários online aos quais cerca de 30% dos alunos da Unidade foram respondentes).
Lista dos demais acontecimentos:
- No dia 21 de março aconteceu a Plenária Popular Regional de Conselhos de Saúde e Movimentos Sociais da Região Sul - Em preparação para a 15ª Conferencia Nacional de Saúde com o tema "Saúde Pública de qualidade para cuidar bem das pessoas: um direito do povo brasileiro." Teve como objetivo, assim como as demais plenárias regionais, a mobilização para a participação popular, também agregando o maior número de movimentos sociais para a conferencia.
- Outra atividade importante que aconteceu durante esse ano foi a discussão acerca das Diretrizes Curriculares do curso de Saúde Coletiva, feitas em alguns Fóruns e inclusive em um Projeto de Extensão (ocorrido no dia 25/04/2015). A proposta era que os alunos de todos os cursos de Saúde Coletiva (e que não necessariamente têm esse mesmo nome) discutissem o conteúdo do documento atual para enviar propostas que entraram na pauta do 11º Congresso Brasileiro de Saúde Coletiva que ocorreu em Goiânia (GO) de 28 de julho a 1º de agosto. O encontro gerou a carta contida no seguinte link: http://www.abrasco.org.br/site/wp-content/uploads/2015/08/Carta_de_Goiania-Aprovada-no-11%C2%BA-CBSC.pdf
- Encontro de Mulheres Estudantes da UNE, Curitiba (01/05 até 03/05)
- Palestra do dia 15/05, no auditório da Faculdade de Odontologia da UFRGS, abordou o tema violência e saúde, com participação de Emerson Merhy, refletindo sobre a importância de desconstruir os processos de enclausuração dos corpos.
- Visita ao Hospital São Pedro (23/05)
- Visita ao Hospital Colônia Itapuã (29/05)
- A visita ao Telessaúde, que aconteceu dia 10 de junho, nos proporcionou conhecer vários projetos que contribuem muito com o sistema de saúde. É um projeto de pesquisa do Programa de Pós-Graduação em Epidemiologia da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. As ações do projeto são dirigidas à população, por meio de apoio aos profissionais da atenção primária à saúde e dos demais níveis assistenciais do Sistema Único de Saúde. Pra acessar o site do projeto, segue o link:http://www.ufrgs.br/telessauders/nossos-servicos
- Visita ao Centro de Saúde Vila dos Comerciários (04/07)
- No dia 03 de agosto iniciei meu estágio na Área Técnica de Atenção à Saúde da Pessoa com Deficiência, na Secretaria Municipal da Saúde de Porto Alegre. Tem sido muito gratificante poder conhecer melhor a política que estabelece as diretrizes tanto para a área que estou quanto as outras políticas que norteiam outras áreas que trabalham lá. Nessa experiência, estou podendo vivenciar várias coisas que discutimos no curso, que passam da gestão até a saúde direta dos usuários e inclusive dos profissionais.
- Na mesma semana em que iniciei no estágio, aconteceu meu acolhimento na Bolsa da Rede Governo Colaborativo em Saúde, ainda estou conhecendo os projetos de pesquisa, mas já pude ter uma ideia de quanta coisa poderei aprofundar participando das ações.
-Visita ao presídio central de Porto Alegre em 21/08.
Não especifiquei como foi cada uma das atividades, mas com certeza cada uma delas contribui com meu crescimento como conhecedora de tudo que a Saúde abrange e como é importante a interlocução com todos os outros setores, políticas e com a população. Até porque o mundo e a vida não são divididos em setores, somos parte de um todo que procura por uma organização e espero que essa organização seja para proporcionar coisas boas (mesmo que muitas coisas nos fazem desacreditar nisso).
A partir do que viemos estudando na Unidade de Bioestatística III e nas outras unidades do curso ao longo do semestre, pudemos refletir sobre quais são os determinantes socioeconômicos que influenciam no processo saúde-doença e como eles afetam os indivíduos e seus coletivos dentro da sociedade. Identificando as formas de análise dessas condições, podemos utilizar ferramentas da Bioestatística para otimizar os processos e visualizar quais são as prioridades. E para isso utilizamos de duas bibliografias principais, para introduzirmos nossos estudos:
Utilizando tais ferramentas é possível delinear o semblante de cada comunidade e, em se trabalhando com indicadores quantitativos, podemos utilizar o cálculo da média (para uma representação geral), ou da mediana (no caso de haver dados que influenciariam os valores por terem extremidades muito distintas) - dentre outras ferramentas - para avaliar, por exemplo, quais as populações mais vulneráveis a incidências de agravos e qual seu respectivo recorte demográfico e epidemiológico.
Tudo isso colabora com o sanitarista na elaboração de propostas coerentes e adequadas para cada população-alvo, além de colaborar internamente com os serviços de saúde e sistemas de informação no preenchimento dos bancos de dados, nas análises situacionais de saúde, etc.
Essa é uma breve descrição sobre uma parte de nossos trabalhos no decorrer desta UPP.
Hoje trago minhas reflexões sobre os temas discutidos nos primeiros quatro
módulos da Unidade de Tópicos Integradores em Saúde
Coletiva III, modalidade EaD, do curso. A UPP, durante o primeiro semestre de 2015, abordou
os temas acerca do que é o quesito raça/cor/etnia, racismo e gênero, racismo
institucional, Política Nacional de Saúde Integral da População Negra, e Saúde
da População Negra e Indígena e o SUS. As discussões foram realizadas a partir
de fóruns, que tiveram como base diversas produções textuais e audiovisuais.
No
primeiro módulo, o fórum serviu para uma introdução da turma ao tema, onde
pudemos além de colocar nossa visão sobre o que conhecíamos previamente,
discutir acerca de dois vídeos. O primeiro e mais longo vídeo, intitulado
“Vista minha pele”, permitiu-nos refletir sobre como seria se, historicamente,
os brancos tivessem sido escravizados e consequentemente subalternizados pela
sociedade. Para muitos, foi a primeira vez que este ponto de vista foi
colocado, o que acabou sensibilizando a todos e motivando ao debate. O segundo
vídeo, expõe a visão do Gustavo, um menino de 10 anos, que fala sobre a
importância das culturas africana e afrodescendente serem ensinadas nas escolas
do Brasil. Ele coloca sua opinião de forma muito inteligente, sem se limitar às
produções sobre essa cultura, mas falando da importância dessa disseminação, do
racismo em geral e sua visão sobre as principais consequências dele. Observando
aos materiais disponibilizados, foi possível introduzirmos ao tema, tendo um
pouco mais noções sobre a importância de reflexões sobre ele em mais espaços,
tanto cotidianamente (nas esferas públicas e privadas), quanto ao longo da
graduação. Além disso, durante esse primeiro momento, outros materiais foram
disponibilizados pelos colegas e pela professora enriquecendo ainda mais o
debate e facilitando as formas de relacionar o tema com outras áreas.
O
segundo módulo trouxe para debate o artigo de Laura Cecília López, “O conceito
de racismo institucional: aplicações no campo da saúde”, publicado na Revista
Interface – Comunicação, Saúde, Educação, no ano de 2012. Foi um importante
material de análise sobre o que temos como base teórica para debatermos o
assunto, ainda mais sendo focado para o campo da saúde, onde o Brasil enfrenta
duros problemas com o racismo institucional. A autora, além de trabalhar o
conceito em questão, traz relações dele com as disputas do movimento negro e
suas conquistas atreladas às políticas públicas, trabalha sobre a dimensão
histórica do racismo institucional brasileiro, sobre as tecnologias que
passaram a existir nos serviços do sistema de saúde do país, sobre as relações
de biopoder envolvidas no estabelecimento de benefícios e oportunidades aos
diferentes segmentos da população do ponto de vista racial e enfatiza a
importância e a necessidade de pesquisas qualitativas de abordagem etnográfica
que reflitam sobre como estão operando as instituições frente a esse tema.
Assim como no primeiro fórum, foram trazidos outros materiais, porém buscou-se
focar no debate acerca do que está colocado no artigo. Então, foi possível
identificar que, por muitos anos, esta reflexão sequer chegava à academia e por
isso ainda acontecem casos de extrema opressão e indignidade ligados à
população negra nos serviços de saúde e em tantos outros.
Durante
o terceiro módulo discutimos a importância das instituições conhecerem o perfil
étnico-racial da população do Brasil. Para tanto, nos foi disponibilizado o
manual “Como e para que Perguntar a Cor ou Raça/Etnia no Sistema Único de
Saúde?” e o vídeo “Quesito cor”. O primeiro material trata sobre a importância
do acolhimento, da orientação e do encaminhamento dos usuários nos serviços de
saúde, sobre o sistema de informações de usuários(as) dos serviços de saúde e
enfoca nas questões entorno da informação e coleta do quesito cor ou raça/etnia,
mostrando os métodos e os motivos dessa coleta. Já o vídeo enfatiza que é
necessário, para a formulação de políticas públicas, o conhecimento desses
quesitos, afim de combater a desigualdade social do país, que impacta ainda
mais na população negra. Ele denuncia os agravos que atingem com maior
incidência essa população e também entrevista pessoas na rua para mostrar o que
elas entendem como sua cor/raça, colocando o quão importante é que todas as
pessoas saibam o que é racismo. No fórum desse módulo, foi trazida a
necessidade de sensibilizar aos servidores do sistema de saúde para o
levantamento do quesito raça/cor e de como fazer essa abordagem para que não
haja um afastamento ainda maior de negros e negras dos serviços de saúde.
No
quarto módulo, trabalhamos em cima do boletim “Análise do Quesito Raça/Cor a
partir de Sistemas de Informação da Saúde do SUS” publicado pela Secretaria
Municipal da Saúde de São Paulo, em 2011. O material, além de fazer uma análise
pelo recorte étnico-racial, incentiva aos serviços sobre a forma correta de
trabalhar com esses dados e traz gráficos que ajudam a identificar a
distribuição da população negra, os agravos mais incidentes, etc. Para o fórum
realizado durante esse módulo, tivemos de buscar informações no boletim, sobre
os agravos e doenças prevalentes nas populações que estivemos estudando, para
podermos identificar alguns motivos para esta prevalência, e quais os
determinantes para que essas populações sejam mais vulneráveis e refletirmos a
partir disso sobre possíveis intervenções, ações e políticas. Conversamos
também sobre a legislação (portarias e decretos) que dão suporte às ações já
existentes voltadas para negros(as) e indígenas, e a importância de servidores
e gestores estarem cientes do que consta em tais documentos, a fim de agirem
adequadamente dentro dos serviços e no planejamento de novas ações.
As
discussões contribuíram com a nossa formação crítica para que possamos pensar em como enfrentar os problemas ligados ao racismo e à
discriminação de populações vulneráveis, tanto cotidianamente quanto
institucionalmente, tendo o embasamento teórico e o compartilhamento de ideias
para isso. A forma como os colegas empenharam-se em não estarem limitados
apenas ao estudo dos materiais disponibilizados é um processo didático que
merece destaque. Também é necessário que
este debate não esteja limitado aos fóruns e seja levado para outras esferas
dentro e fora da universidade, pois é a partir de ações como essa que mudanças
reais no quadro epidemiológico e de inclusão social das populações negras e
indígenas, historicamente marginalizadas, podem acontecer. Precisamos criar um
olhar de respeito às diversidades socioculturais e esse processo somente será
possível com diálogos e intervenções que tenham envolvidos neles indivíduos
provindos de diferentes realidades com a mesma oportunidade de se pronunciar nos
espaços de debate, negociações e planejamento de ações. Até mais, A FUTURA SANITARISTA
“A Comunicação está vinculada ao
campo da Saúde, desde os princípios do século XX, tomando-se como marco a
criação, em 1923, do Serviço de Propaganda e Educação Sanitária, no então
Departamento Nacional de Saúde Pública. Na época, as descobertas da ciência
apontavam a existência de agentes patológicos específicos para cada doença e
processos de transmissão, o que deslocava a atenção das condições
socioambientais para o indivíduo e colocavam no centro das prioridades as
medidas de higiene. Em decorrência, apontava para a necessidade da mudança de
comportamento e de hábitos, vistos como causa das doenças, portanto,
indesejáveis à saúde.” (Araújo; Cardoso; Murtinho, 2009)
Como podemos visualizar na
citação acima, as formas de comunicação em saúde, do século passado, eram um
reflexo do que toda a área da Saúde Pública considerava como foco, A DOENÇA. Com
o passar dos anos e com as mudanças ocorridas através de movimentos como a Reforma
Sanitária, o aumento da participação popular, a mudança do semblante das
Universidades e consequentemente dos serviços em geral, dentre outros
processos, fez com que, pouco a pouco, a Comunicação em Saúde fosse agregando
novos campos para a elaboração de suas ações. Mesmo assim, ainda há muito que
se desenvolver em relação ao tema e um dos principais desafios é mudar a forma
de encarar a comunicação como sendo, fundamentalmente, um instrumento de
transmissão de informações.
No curso de Saúde Coletiva, mais especificamente
na Unidade de Tutoria desse terceiro semestre, a partir de debates e explanações
sobre o tema, podemos observar alguns modelos de Comunicação em Saúde que
tentam atingir aos indivíduos de formas muito inovadoras. Então gostaria de
compartilhar alguns materiais a que tivemos acesso.
Na aula do dia 14 de maio,
conhecemos o Régis que nos apresentou o projeto Caminhos do Cuidado, iniciado em 2013, que oferece formação em saúde mental,
crack e outras drogas para agentes comunitários de saúde e auxiliares e
técnicos em enfermagemda Atenção
Básica. O projeto conta com uma Equipe de Comunicação que é responsável pela criação da
identidade visual do Caminhos do Cuidado, e pela produção visual, em diferentes
mídias, de todo o material de divulgação e didático, em consonância com o
Ministério da Saúde. Um dos materiais apresentados para a turma foi o vídeo “Crack! Crack?”, que trata do tema de
forma lúdica, artística e com humor facilitando o diálogo sobre as questões
relacionadas.
Outro projeto que ficou conhecido entre os alunos do curso,
foi o da ONG Doutorzinhos, que realiza atividades em diversos hospitais com
pacientes e servidores, ela se apresenta da seguinte maneira: “Somos palhaços. E ser palhaço no
hospital é saber ler os sentimentos, diagnosticar sintomas do humor e
transformá-los em alegria. Acreditamos que o humor promove uma atitude
positiva, contribuindo diretamente na recuperação dos pacientes. Oferecemos aos
pacientes e equipe hospitalar um local de experimentação do riso, estabelecendo
uma conexão entre os sentimentos de cada um. Somos agentes terapêuticos no
processo de humanização da saúde, levando alegria para as crianças e adultos
hospitalizados, bem como a todos os profissionais das instituições.”.
O material audiovisual apresentado às turmas do curso no dia 11 de
junho, durante o fórum dos alunos, foi o seguinte:
É claro que estes são dois dos
inúmeros exemplos que existem da construção que está sendo realizada para
aprimorar os instrumentos de Comunicação em Saúde e para a saúde, porém,
acredito que as chances desse cenário se desenvolver amplamente são bem maiores
a partir da multiplicação desse tipo de ação. A referência abaixo contém o trecho citado no início desse post e é uma boa indicação de leitura para entender como o tema está sendo desenvolvido dentro do próprio SUS.
ARAUJO, I. S.; CARDOSO, J. M.; MURTINHO, R. A Comunicação no
Sistema Único de Saúde: cenários e tendências. Revista Latinoamericana de Ciencias de la Comunicación, v. 6, n.
10, p. 104-115, 2009. Disponível em: .
Acesso em: 12 jun. 2015
O objetivo desta postagem, é relatar, brevemente, como aconteceu a transição do segundo para o terceiro semestre do curso de Saúde Coletiva. Farei isso de forma bastante esquematizada, a fim de servir como um guia pessoal de consulta, sem seguir as recomendações para a elaboração de portfólio que são enfatizadas desde o início da graduação. Listarei as Unidades de Produção Pedagógicas do segundo semestre e seus respectivos temas e introduzirei o que está sendo abordado no terceiro semestre.
Unidades da 2ª etapa do curso:
Unidade de Tópicos Integradores em Saúde Coletiva II, abordando o tema relativo à Atenção Psicossocial: O cuidado em Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas no SUS e dividida nos módulos I. Breve História da Loucura e das Reformas Psiquiátricas; II. Conceitos, Premissas Éticas e Modelos de Atenção no campo da Saúde Mental e Atenção Psicossocial; III. Rede de Atenção Psicossocial e Políticas de Saúde Mental; IV. Políticas sobre drogas e suas tendências no Brasil e no mundo; V. Montando a Rede de Atenção Psicossocial RAPS de Corvalina (município imaginário estudado durante a UPP).
Unidade de Saúde, Sociedade e Humanidades II, na qual tratamos dos temas da Vigilância Sanitária e Ambiental, dos Resíduos dos Serviços de Saúde, dos Resíduos Sólidos Urbanos, Saneamento Básico e Saúde Pública.
Unidade de Planejamento, Gestão e Avaliação em Saúde I, com introdução ao uso de tabuladores, pesquisas em fontes de bases secundárias de dados e informações (Datasus, Tabnet, Tabwin), noções básicas sobre cálculos de análise descritiva, Atenção Básica (Primária) à Saúde, aproximação e exploração à distância das regiões e municípios, debatemos sobre o uso de portfólio, noções elementares sobre análise de situação de saúde, Média e Alta Complexidade, programação de procedimentos, definição de indicadores de oferta e cobertura a partir de estudos de caso municipal.
Unidade de Pesquisa em Saúde e Bioestatística II, abordando análise situacional de saúde e observação das comunidades, elaboração de poster, Elementos da Pesquisa, Ética nas Pesquisas, normas ABNT, como elaborar um Tema de pesquisa a partir de um Problema, como elaborar uma Apresentação.
Unidade de Políticas Públicas e Sistemas de Saúde II, onde estudamos a história e a evolução das Políticas de Saúde no Brasil, fizemos cartografia de cidades, trabalhamos com o tema Cidades Utópicas, estudamos alguns conceitos do SUS e sua organização e utilizamos da ferramenta audiovisual para apresentação de temas relevantes na área da saúde.
Unidade de Análise de Situação de Saúde e Vigilância à Saúde I, na qual estudamos o modelo da História Natural da Doença, os Modelos de Atenção à Saúde, tipos de vigilância, doenças emergentes, doenças negligenciadas e fizemos intervenções educativas sobre assuntos relacionados com o tema da vigilância à saúde.
Unidade de Tutoria II, com dinâmicas sobre o tema Coletividades, discussões para elaboração do Portfólio reflexivo, debate sobre as inovações na formação dos sanitaristas e exercício sobre autoavaliação.
Unidade de Promoção e Educação da Saúde II, com a temática dos Movimentos Sociais e formação da agenda pública, estudo das populações vulneráveis e das políticas elaboradas a tais grupos e estudo da Política Nacional de Educação Popular.
Diversas outras atividades foram realizadas ao decorrer do semestre, tudo isso colaborou para um crescimento imenso da nossa compreensão sobre toda a área da saúde, sua complexidade e nos permitiu identificar melhor qual no nosso papel e o nosso lugar como futuros sanitaristas. O desenvolvimento das UPPs vêm acontecendo no terceiro semestre, com diferentes discussões, mas a partir de agora, seguirei trazendo temas de relevância para toda a área, fazendo relações e críticas entrelaçadas com minha bagagem recolhida até aqui através do curso, mas é claro com possibilidades de recapitulações como a de hoje.
*texto elaborado a partir de março de 2015