segunda-feira, 10 de novembro de 2014

Visita ao Ambulatório de Dermatologia Sanitária

Hoje, pela manhã, eu e meus colegas Maurício e Vânia, tivemos o privilégio de conhecer um pouco mais sobre o Ambulatório de Dermatologia Sanitária, localizado na Av. João Pessoa. A visita foi em função de um trabalho da UPP de Análise de Situação de Saúde e Vigilância à Saúde, ministrada pela professora Stela. O trabalho tem como objetivo conhecer os fluxos de alguns serviços de vigilância epidemiológica de Porto Alegre. Descobrimos que institucionalmente, o Ambulatório não é um serviço de vigilância epidemiológica, mas ele contribui com notificações, programas de prevenção, identificação, entre outras tarefas que cabem dentro das ações de vigilância à saúde.

Ao chegarmos, fomos recebidos pelo colega da Saúde Coletiva, Paulo César, que trabalha no Ambulatório há cerca de 20 anos, e pela Assistente Social Niara. Ao longo da visita, fomos percebendo alguns problemas relacionados à infraestrutura e o quão enorme é a complexidade de lidar com tais problemas, pois os processos de negociação passam por setores e entidades ora municipais, ora estaduais ou ainda do Ministério. Mesmo assim, a organização do serviço, parece funcionar muito bem e isso deve acontecer pois, como pudemos perceber, existe uma boa relação e comunicação entre praticamente todos os profissionais que trabalham no local. E não poderia ser diferente, porque como nos foi passado, a demanda do serviço é enorme. Um exemplo disso, é a farmácia que ali funciona, que atende à segunda maior demanda de medicamentos para tratamento de HIV/AIDS de todo o Brasil. 

Quem nos contou sobre como é o funcionamento da Farmácia do Ambulatório foi a farmacêutica e sanitarista Silvana, que além de nos receber muito bem, nos explicou como funciona o SICLOM (Sistema de Controle Logístico de Medicamentos) que "possui três funcionalidades principais: cadastramento dos pacientes em tratamento, controle da dispensação mensal de medicamentos, controle de estoque dos medicamentos anti-retrovirais e dos medicamentos para tratamento das infecções oportunistas nas farmácias", além de garantir aos pacientes atendimento farmacêutico em todo o território nacional. Percebemos também, que a acessibilidade ao setor da farmácia, dentro do serviço, ocorre de maneira bem horizontal, articulada e organizada, mesmo o espaço físico sendo extremamente pequeno.

Sobre as notificações dos novos casos de doenças, um dos assuntos mais enfocados na visita em função do nosso trabalho, ficou claro que isso exige um grande comprometimento dos profissionais com sua própria responsabilidade de notificar da melhor forma possível e de alimentar corretamente ao banco de dados. Realizadas mensalmente, as notificações, mesmo quando feitas da forma correta, nem sempre são aproveitadas plenamente, pela dificuldade de acesso aos bancos de dados por parte dos profissionais. Isso exige do profissional, uma sensibilidade ainda maior, levando em conta que ele precisa estar, permanentemente, se atualizando frente às prioridades de enfrentamento para garantir que as ações corretas de promoção da saúde, controle de doenças e prevenção de agravos sejam realmente realizadas. 





A futura sanitarista,
Luiza

domingo, 9 de novembro de 2014

Exercício nosso de cada dia

O semestre vai se encaminhando ao final e algumas reflexões importantes começam a ser realmente internalizadas por mim somente agora. Não é que antes elas não tenham sido propostas, mas parece que algumas coisas apenas assumem sentido para nós mesmos quando alguma coisa realmente conflita com o que estamos habituados. Quero dizer que, agora, depois da última aula da UPP de Tutoria, entendo que tudo isso de produzir textos, refletir muito sobre diferentes materiais, se expressar de forma realmente clara, profunda e que retome o que compreendemos do que nos é passado a cada dia, é uma tarefa que exige MUITO exercício.
Sim, eu estou falando da experiência de fazer um portfólio (blogfólio no meu caso)!
No texto, Portfólio reflexivo: uma proposta de ensino e aprendizagem orientada por competências (Cotta, Costa e Mendonça, 2013) é tratado, entre outras coisas, sobre a responsabilidade dos professores quando se coloca: “Na prática isso significa preparar os estudantes para um aprendizado autônomo, definido por Freire como um aprender que respeita a curiosidade do educando, sua inquietude e linguagem, incentivando a liberdade e a busca de identidade no processo de ensino-aprendizagem”. Porém, eu penso que, assim como nenhum texto aqui é postado por vontade própria, qualquer esforço dos professores de nada vale se tomarmos uma posição rígida ao que nos é colocado, é preciso sim, nos desdobrarmos pra colocar o que absorvemos de conhecimento em evidência.
Isso é só uma das questões que estão efervescendo em mim... Daqui em diante espero que isso aconteça muito mais e de uma forma muito mais profunda!

Até logo,
A Futura Sanitarista,

Luiza

sexta-feira, 10 de outubro de 2014

Sobre questões que não têm resposta...


6/out/2014, 17h19min
DMLU recolhe 45 toneladas de resíduos eleitorais nas ruas
Entre o dia 24 de setembro e a madrugada desta segunda-feira, 6, o Departamento Municipal de Limpeza Urbana (DMLU) recolheu 45 toneladas de resíduos eleitorais, como cavaletes, placas e outros materiais de campanha irregularmente expostos nas ruas de Porto Alegre. Das 22h do último sábado (4) e 1h desta segunda-feira (6), foram recolhidas 35 toneladas de resíduos.


O serviço de fiscalização do DMLU emitiu 270 autos de infração até as 17h de domingo, 5. Agentes da fiscalização do departamento estavam nas ruas para fazer valer o Novo Código Municipal de Limpeza Urbana 728/14, que prevê multas a quem descartar resíduos em locais inadequados.

De acordo com o supervisor administrativo e financeiro do DMLU, Gustavo Fontana, a operação contou com mais de 920 trabalhadores e teve 73 caminhões para recolher os resíduos. Nesta segunda, 650 garis manterão a varrição dos locais de votação. “Em 2012, recolhemos 70 toneladas de resíduos na época da eleição. Acreditamos que este ano o volume irá cair até o final do segundo turno, em função da fiscalização e aplicação do Novo Código”, avalia.

Desde o início do período eleitoral, em julho, o DMLU está atuando em conjunto com a Justiça Eleitoral pela manutenção da limpeza da cidade e no recolhimento de cavaletes e propagandas irregulares nas vias públicas.


Notícia:
http://www.sul21.com.br/jornal/dmlu-recolhe-45-toneladas-de-residuos-eleitorais-nas-ruas/

Vídeo de crítica:
https://www.youtube.com/watch?v=lt9rOOiOEU0&feature=youtu.be

É imprescindível para a área da Saúde tratar de assuntos como o que foi relatado na notícia acima. Os problemas com poluição (nesse caso, tanto ambiental, quanto visual), que justamente deveriam ter lançadas propostas para serem solucionados por estes que, no período eleitoral, sempre os agravam, são discutidos há anos e mesmo que se tenham visto propostas de práticas mais conscientizadoras nos últimos anos, sempre nos surgem dúvidas sobre a real aplicação delas.
Segundo Murilo Justino Barcelos "A exploração dos grandes centros urbanos e as poluições advindas da iniciativa privada devem ser geridas incondicionalmente pelo estado, e pela particularidade que o centro possui, cabe ao município e seus munícipes se manifestarem e atuarem conjuntamente na busca pela defesa de uma paisagem urbana satisfatória." Lendo isto, tendo a ficar confusa, pois parece que aqueles que deveriam atuar frente a esta questão, se escondem no período eleitoral, e mesmo quando as consequências do excesso de material produzido e da descontrolada disposição desses materiais aparecem, praticamente ninguém e nenhum órgão se manifesta. E então como ficamos?

Debate: Movimentos Sociais no Século XXI

                Hoje resolvi falar um pouco do que tá rolando nas aulas de Promoção e Educação da Saúde, onde estamos conhecendo uma pouco mais sobre a organização dos Movimentos Sociais. Então, em uma das aulas da semana passada assistimos ao debate Movimentos Sociais no Século XXI, apresentado pelo programa Melhor e Mais Justo, da Rede TVT, que começa tratando da situação atual de alguns movimentos representados por convidados e dos movimentos sociais em geral. Os convidados são a Professora Dr.ª Zilda Iokoi do Laboratório de Estudos Sobre Intolerância da USP, Brunno Almeida Maia, Militante do Núcleo Municipal LGBT/PT – SP e Ana Paula Herles Ribeiro, Militante do Movimento dos Trabalhadores sem Teto (MTST). Eles debatem aspectos institucionais dos movimentos, suas ligações ou autonomia em relação às instâncias do Estado, explanam suas demandas mais atuais, seus adversários e como um movimento social se mantém ou se reorganiza.
            Segundo Ilse Scherer-Warren “o movimento social atua cada vez mais sob a forma de rede, que ora se contrai em suas especificidades, ora se amplia na busca de empoderamento político”. Percebi um pouco disso no discurso de Brunno e Ana Paula sobre os movimentos que representam. Ele fala do movimento LGBT que adentrando-se ao PT, coloca-se junto a um grupo que atualmente tem muito poder político. Ela coloca que o MTST busca por autonomia, afim de não sofrer influências dos governos sobre a organização de suas demandas, entre outros aspectos do movimento. Diante disso, a Prof.ª Zilda enfatiza a importância de reconhecer que quando o partido chega ao poder não é certo que ele responda mais às demandas do movimento social pois para isso estaria utilizando de uma estrutura de poder. Eu, particularmente, não sei se isso acontece na prática, penso que todo projeto político estabelece interesses e estratégias prioritárias, se ele chega ao poder e demandas de determinados movimentos sociais fazem parte do projeto, ele pode influenciar nas respostas a essas demandas (a não ser que isso infrinja alguma premissa ética ou algo do tipo).
A Professora Zilda fala também sobre o fato de os movimentos sociais terem de se reorganizar, muitas vezes, após conquistas e avanços. A partir desse momento, a sua institucionalidade vai contra a sua real demanda. Por isso, vejo a necessidade dos movimentos estarem constantemente se questionando sobre quais são as demandas prioritárias, quais avanços ou retrocessos já aconteceram e, principalmente, sempre estarem verificando aquilo que, segundo Ilse Scherer, os configura como movimentos sociais: identidade, adversário e projeto.
Ao longo do debate, pude perceber que podem existir outros questionamentos que ajudam a manter os movimentos sociais na busca pelo desenvolvimento de seus discursos mobilizadores e, consequentemente, pelas respostas a suas demandas. Um desses questionamentos poderia ser traduzido da seguinte forma: “Como estabelecer diretrizes firmes e que contribuam para o combate ao conservadorismo e à invisibilidade?” Talvez, exista uma resposta diferente, para esta questão, em cada movimento social, o importante é perceber que eles precisam elaborar estratégias para não se desviarem dos seus principais objetivos ao longo da própria caminhada, para se tornarem visíveis e também estarem atentos às mudanças naturais que vão acontecendo ao longo do desenvolvimento do debate acerca de suas causas. Eu vejo a percepção disto como algo importante pois, a exemplo das discussões sobre as questões envolvendo a homossexualidade feminina, que surgiram na década de 80, no contexto do grupo SOMOS, e que de início não tiveram potência dentro do movimento fez com que esse grupo colocasse em prática algumas estratégias, como se aproximar do movimento feminista: “A aproximação destas mulheres com as agendas do movimento feminista proporcionou que temas como o machismo, a misoginia e a própria invisibilidade feminina, entrassem na pauta dos movimentos de lésbicas e mulheres bissexuais, qualificando as discussões e evidenciando as lutas por demandas específicas desses grupos.” (MINISTÉRIO DA SAÚDE, Política Nacional de Saúde Integral LGBTT, 2010)

O contexto que envolve os Movimentos Sociais exige muito conhecimento histórico acerca deles e uma visão muitos dinâmica sobre os conceitos, premissas e concepções que podem aparecer nos movimentos em geral. Além de conhecer sobre o que define um Movimento Social, é preciso entender como ele pode surgir, como e sobre o que ele gera demandas. 
E a visão do Sanitarista?
Além de refletir e elaborar críticas argumentativas sobre este assunto, o Sanitarista deve estar atento ao tipo de organização dos Movimentos Sociais por eles serem formas de elaborar estratégias que respondam à demandas da sociedade. Assim como acontece durante o ciclo de uma política pública, as demandas de um movimento surgem a partir de uma consciência coletiva de que algo precisa ser discutido e/ou transformado, da mesma forma como acontece quando se percebe que algum tema deveria entrar na agenda pública, da mídia ou do governo. 
A futura sanitarista,
Luiza

quinta-feira, 25 de setembro de 2014

Vamos falar sobre Coletividades?

Neste semestre, a Unidade de Tutoria II, tem como principais objetivos  exercitar e desenvolver habilidades e competências tendo como base o tema: coletividades. Nada mais justo, tratando-se de um curso no qual "O profissional, fundamentalmente, é pensado no âmbito da gestão, onde se inclui 'planejamento, gestão e avaliação em saúde', mas convém ressaltar que atua também com as ações coletivas de proteção à saúde: 'educação, promoção e vigilância da saúde'" como se encontra no Projeto Político Pedagógico do curso.


O tema em questão também está sendo retomado por outras UPP's neste semestre, por exemplo, na Unidade de Políticas Públicas de Saúde, estamos tratando da organização de cidades, primeiramente das imaginárias e então partindo para o âmbito do real. Para realizarmos o trabalho de Cartografia das Cidades Reais (cidades que serão escolhidas e estudadas pelos alunos)  será realizada uma articulação entre os “desejos” da comunidade e o sistema de atenção à saúde “existente”, ou seja, todos os aspectos pesquisados deverão levar em conta as coletividades sociais (da população) e institucionais (dos serviços).

Outro exemplo de estudo das coletividades está sendo abordado na UPP de Promoção e Educação a Saúde II, na qual estamos conhecendo e discutindo os conceitos e a história das Mobilizações e Redes de Movimentos Sociais. Uma importante autora que conceitua nossos estudos chama-se Ilse Scherer-Warren que busca em seus trabalhos "uma compreensão acerca da nova configuração da sociedade civil, explicitando os múltiplos tipos de ações coletivas do novo milênio". Estamos discutindo a cerca disso o fato de que toda a mobilização da esfera pública necessita de uma organização para acontecer e que diversos atores sociais fazem parte desse tipo de acontecimento. 

É claro que de alguma forma ou de outra o tema coletividades atinge a todas as esferas do curso, mas são exemplos como os citados acima que nos fazem perceber o que torna algum aspecto pertencente ao âmbito coletivo. Espero poder discutir muito sobre esse tema durante o semestre, e descobrir quais são seus conceitos delimitadores ou então que expandem seus horizontes. 

segunda-feira, 11 de agosto de 2014

Eu no primeiro semestre e o primeiro semestre em mim

Então tudo bem, vamos recapitular o primeiro semestre do curso. Começando pelo dia da recepção dos bixos, que foi lembrado algumas vezes depois, por causa da atividade de entrevistas que fizemos, e assim já começamos a construir um panorama do que se fala e se opina sobre o SUS por aí, por diferentes pessoas. Desta forma, começamos os trabalhos e também a conhecer os colegas e os professores de uma forma muito interativa e de acolhida a todos.
Passam os dias de apresentações das UPP's (Unidades de Produção Pedagógica) do curso e as reflexões mais profundas começam a surgir, discutimos, principalmente, as diferenças entre o campo da Saúde Coletiva e da Saúde Pública, conhecemos um pouco da história de cada campo, as concepções que existem dentro de cada um, e a importância de relacionar aspectos de várias áreas do conhecimento com as práticas de saúde. Enfim, tratamos de vários outros assuntos, abordamos História, Política, Cultura e Sociedade em praticamente todas as aulas e com isso damos o ponta pé inicial de discussões sobre o que, principalmente, faz parte desse universo chamado Saúde Coletiva.
Através da 1ª SISCO (Semana Integrada em Saúde Coletiva), pudemos ver na prática as inovações que vem acontecendo nos serviços de saúde que atualmente contam com mais apoio para tratar de questões sociais e espirituais tanto dos servidores quanto dos pacientes. Percebemos também que todos os serviços precisam pensar estratégias para acolher cada vez melhor às mais variadas culturas. Durante aquela semana, também fomos buscar maior conhecimento do nosso território de cuidado e a diversidade que existe nele, quais as alternativas que as pessoas mais procuram, entre outras formas de cuidado que pode-se identificar através de um diálogo aberto com pessoas que frequentam tal território. Ao final, apresentamos um resumo da semana a partir de uma mandala feita com imagens que representam o que foi tratado nos diferentes locais estudados e com isso pudemos observar que o cuidado em saúde se dá das mais variadas formas e não existe uma só fórmula para melhorar o SUS, o necessário é estudar as políticas a serem aplicadas entre outras tantas atitudes a serem tomadas, levando sempre em conta princípios da Saúde Coletiva.
Nas aulas de Políticas Públicas, discutimos muito sobre o ciclo das políticas: como elas entram na agenda pública, da mídia ou formal e as várias etapas até a sua implementação ou extinção. Também relacionamos, nessa UPP, textos de Michel Foucault com o que podemos ver hoje nos hospitais, dentre outros serviços, espalhados por todo mundo mas principalmente observando o que está próximo de nós.
É claro que estudamos, discutimos e refletimos sobre muitos outros assuntos, eu poderia escrever muitas páginas, mas quero aqui apenas retratar um pouco da complexidade que é o campo da Saúde Coletiva, porque com certeza já pudemos perceber isso e veja que estamos apenas no começo... Concepções estudadas nas aulas de Promoção e Educação em Saúde por exemplo, a primeira vista, parecem ser simples e com propostas que facilmente podem ser praticadas, porém, a grandiosidade de demanda do sistema e as peculiaridades envolvidas no processo de educação em saúde fazem essa tarefa requerer muito esforço para poder ser executada com êxito e abranger a tantas pessoas.
Existe uma coisa que eu já posso dizer: sim, quero ser sanitarista, quero participar dos processos de inovação do SUS, quero também ser pioneira dessa nova proposta que a Saúde Coletiva traz e que já está se espalhando pelo mundo inteiro. AbraSUS, e que venham os próximos semestres!

A futura sanitarista,
Luiza

quarta-feira, 4 de junho de 2014

Exercitando a reflexão crítica - 3 - analisando imagens:


A igualdade permite a diferença, já a desigualdade permite a guerra.

Quantas vezes em nossa vida nos perguntamos o porquê de algumas pessoas serem diferentes das outras? Será que vemos o diferente da forma com a qual o mundo permite que ele exista? Ou seja, estamos levando em conta as condições sociais, culturais, econômicas, religiosas, etc. para julgar o que é ou não diferente ao que estamos acostumados?
O campo da Saúde Coletiva, por estudar e seguir princípios da equidade e da alteridade busca ferramentas para amenizar as desigualdades, reconhecendo que a igualdade se faz respeitando as diferenças culturais e socioeconômicas. A partir do princípio da alteridade pretende-se reconhecer que o outro existe como inseparável do eu particular, ou seja, o outro nos influencia e faz parte da nossa história mesmo quando completamente diferente de nós.
Existimos como membros de uma sociedade apenas através das relações pessoais e só poderemos construir melhores condições de vida conservando essas relações saudavelmente, reconhecendo e respeitando as diferenças individuais.  


quinta-feira, 22 de maio de 2014

Exercitando a reflexão crítica - 2 - analisando imagens:

Vivemos debatendo sobre os conceitos e concepções do que significa "normal" e "patológico", "saúde e "doença", sendo possível desenvolver longas conversas e algumas críticas sobre o modelo hegemônico que existe atualmente no sistema de saúde brasileiro. 
Observando a imagem acima, podemos identificar a posição que tomam uma grande parte dos médicos desse modelo. Falamos daqueles que se colocam, perante a sociedade, como sendo "seres superiores" por terem adquirido conhecimento científico. Aqueles que se colocam em uma zona de conforto (criando padrões de normalidade) e criam barreiras (às vezes representadas até pela própria mesa do consultório), o que lhes dá proteção e que serve de justificativa para estabelecer limites na relação médico/paciente.
Infinitas análises podem ser feitas a partir da observação da imagem e dos casos que acontecem cotidianamente nos serviços de saúde, mas o que principalmente precisamos entender é que construímos, conjuntamente, a otimização das ações de promoção da saúde, que fujam dos padrões de normalidade pré-estabelecidos, e uma melhor atuação dos profissionais da saúde, através de atividades integradoras que melhorem as relações interpessoais dentro dos serviços. 

  

segunda-feira, 5 de maio de 2014

Exercitando a reflexão crítica:

Texto - Ensinar exige a convicção de que a mudança é possível.
Paulo Freire

  Um dos saberes primeiros, indispensáveis a quem, chegando a favelas ou realidades marcadas pela traição a nosso direito de ser, pretende que sua presença se vá tornando convivência, que seu estar no contexto vá virando estar com ele, é o saber do futuro como problema e não como inexorabilidade. É o saber da História como possibilidade e não como determinação. O mundo não é. O mundo está sendo. Como subjetividade curiosa, inteligente, interferindo na objetividade com que dialeticamente me relaciono, meu papel no mundo não é só o de quem constata o que ocorre, mas também o de quem intervém como sujeito de ocorrências. Não sou apenas o objeto da História, mas seu sujeito igualmente. No mundo da História, da cultura, da política, constato não para me adaptar mas para mudar. No próprio mundo físico minha constatação não me leva à impotência. O conhecimento sobre os terremotos desenvolveu toda uma engenharia que nos ajuda a sobreviver a eles. Não podemos eliminá‐los mas podemos diminuir os danos que nos causam. Constatando, nos tornamos capazes de intervir na realidade, tarefa incomparavelmente mais complexa e geradora de novos saberes do que simplesmente a de nos adaptar a ela. É por isso também que não me parece possível nem aceitável a posição ingênua ou, pior, astutamente neutra de quem estuda, seja o físico, o biólogo, o sociólogo, o matemático, ou o pensador da educação. Ninguém pode estar no mundo de luvas nas mãos constatando apenas. A acomodação em mim é apenas caminho para a inserção, que implica decisão, escolha, intervenção, realidade. Há perguntas a serem feitas insistentemente por todos nós e que nos fazem ver a impossibilidade de estudar por estudar. De estudar descomprometidamente, como se misteriosamente, de repente, nada tivéssemos que ver com o mundo, um lá fora e distante mundo, alheado de nós e nós dele.

Impressiona a forma sintética com a qual Paulo Freire nos inquieta, a partir deste texto, em relação a enorme responsabilidade que o estudo tem de provocar mudanças e de superar constatações. O autor nos revela o quão capaz é o ser humano de gerar saberes e intervir na realidade e o quão fundamental o estudo se torna frente a tais intervenções. E a maioria de nós sabe, ou deveria saber, que para 'movermos' o mundo precisamos ser capazes de fazer constatações, até para nos apropriarmos do real conhecimento, mas principalmente transcender essa ação, ou seja, colocar os saberes em prática, refletir sobre eles, analisá-los, avaliá-los, entre outros aspectos, que cabem também às características de um sanitarista. A Saúde Coletiva, principalmente, como campo do conhecimento busca compreender e implementar essa convicção da possibilidade de mudança que Paulo Freire contextualiza. Somos todos sujeitos do mesmo mundo e necessitamos agir como tal, buscando conhecimento, fazendo constatações e intervindo, ou seja, mudando!

A futura sanitarista,
Luiza

terça-feira, 29 de abril de 2014

Entrando para o mundo da Saúde Coletiva...

Eu nunca imaginei que um curso universitário criaria tantas incógnitas na minha vida. Eu já fiz o vestibular tendo certeza de que era Saúde Coletiva o que eu queria e agora me surpreendo cada vez mais com o tanto de coisas que eu nem imaginava e que esse curso aborda. Mas hoje quero apenas falar um pouco sobre a minha trajetória até aqui e como foi dar início a essa nova etapa.

Concluí o Ensino Médio na cidade de Estrela-RS, no Colégio Santo Antônio. Até o primeiro ano do Ensino Médio a minha ideia era de ser professora, não sabia se de História ou Geografia. Enfim, numa das discussões sobre o que fazer após o Ensino Médio, ainda no primeiro ano, um de meus professores falou sobre o curso Gestão de Saúde (ele não sabia ao certo o nome do curso) e disse que era uma área que necessitava muito de profissionais qualificados, entre outras coisas. Então, fui pesquisar sobre o curso! E descobri, em 2011, que na UFRGS, existia o curso de Análise de Sistemas e Políticas de Saúde. De cara eu gostei da proposta do curso. Mas foi só no terceiro ano do Ensino Médio que eu tive a certeza de que era Saúde Coletiva o que eu queria. Participei do “UFRGS de Portas Abertas”, onde descobri que o nome do curso havia mudado, assisti à apresentação e comprei o livro do curso, escrito pelos próprios alunos e então pude ver como a vida de uma pessoa poderia mudar após vivenciar tudo o que o curso oferece: uma nova forma de aprendizagem; um novo olhar sobre a saúde; uma forma diferenciada de instigar as pessoas a fazerem a diferença.
E agora falta me perguntar: O que eu trago para o curso? Uma enorme vontade de aprender e duas grandes necessidades: a de interagir com diversas pessoas e a de ter um momento particular para refletir, entre outros aspectos, sobre as diversas conexões que a Saúde Coletiva faz e pode fazer.Basicamente, essa é minha trajetória de conhecimento do curso e entendimento do que eu busco e trago como necessidade. E é com grande entusiasmo que dou início aos meus relatos sobre a minha vida na Saúde Coletiva.

A futura sanitarista,
Luiza