quarta-feira, 28 de outubro de 2015

I Fórum em Traumatologia Pediátrica - HPS

O Hospital de Pronto Socorro de Porto Alegre promoveu na última sexta-feira, 23, o 1º Fórum Multidisciplinar de Trauma em Pediatria. O evento reuniu especialistas do HPS e de outras instituições para debater a realidade dos atendimentos de emergência em pediatria. A rotina diária tem revelado um aumento preocupante nos casos de crianças com queimaduras graves provocadas por acidentes domésticos. Também tem chamado a atenção das equipes o numero crescente de crianças atingidas por armas de fogo e armas brancas (facas e outros instrumentos perfurantes/cortantes). Este último aspecto é um indicativo claro do impacto da violência urbana nas UTIs pediátricas.
Durante o evento, participei de apenas duas exposições, sobre Epidemiologia da violência urbana na população infanto-juvenil de Porto Alegre, com a psicóloga Sandra Kurtz, da Equipe de Eventos Vitais, Doenças e Agravos Não Transmissíveis, Vigilância de Violência e Acidentes - CGVS   e sobre o Estatuto da Criança e Adolescente e o papel dos equipamentos de proteção social, com a assistente social Cristine Kuss, do Serviço Social do HPS. A primeira apresentou dados dos agravos por causas externas que atingem à população infantojuvenil e que são a 3ª causa de morte em Porto Alegre já superando as Doenças respiratórias, sendo que dos 10 aos 39 anos é a 1ª causa de morte. A segunda apresentação apontou as responsabilidades que o Estatuto da Criança e do Adolescente dirige para a sociedade em geral e, principalmente ao setor público, e mostrou algumas das intervenções que a equipe do HPS faz para tentar garantir uma proteção mais ordenada dos direitos das crianças e adolescentes.
A reflexão proposta foi em cima da questão “Por que é importante fazer a vigilância das violências?” e se apontou que é a partir da vigilância que se tenta identificar onde estão casos de violência envolvendo negligência, trabalho infantil (quase nunca identificado), abusos, dentre outras.
Por fim, fizemos uma reflexão a partir do poema de Manoel de Barros, "O menino que carregava água na peneira".
Tenho um livro sobre águas e meninos.

Gostei mais de um menino que carregava água na peneira.
A mãe disse que carregar água na peneira era o mesmo que roubar um vento
e sair correndo com ele para mostrar aos irmãos.
A mãe disse que era o mesmo que catar espinhos na água
O mesmo que criar peixes no bolso.

O menino era ligado em despropósitos.

Quis montar os alicerces de uma casa sobre orvalhos.

A mãe reparou que o menino gostava mais do vazio do que do cheio.

Falava que os vazios são maiores e até infinitos.
Com o tempo aquele menino que era cismado e esquisito
porque gostava de carregar água na peneira
Com o tempo descobriu que escrever seria o mesmo
que carregar água na peneira.
No escrever o menino viu que era capaz de ser
noviça, monge ou mendigo ao mesmo tempo.
O menino aprendeu a usar as palavras.
Viu que podia fazer peraltagens com as palavras.
E começou a fazer peraltagens.

Foi capaz de interromper o vôo de um pássaro botando ponto final na frase.

Foi capaz de modificar a tarde botando uma chuva nela.
O menino fazia prodígios.
Até fez uma pedra dar flor!

A mãe reparava o menino com ternura.

A mãe falou: Meu filho você vai ser poeta.
Você vai carregar água na peneira a vida toda.
Você vai encher os vazios com as suas peraltagens
e algumas pessoas vão te amar por seus despropósitos


9ª Semana Acadêmica da Saúde Coletiva

Entre os dias 19 e 23 de outubro ocorreu mais uma Semana acadêmica do curso de Saúde Coletiva. Em sua 9ª edição, o tema foi "Um olhar interior: o que produzimos na Saúde Coletiva?", e trouxe diversos trabalhos que são e estão sendo produzidos pelos próprios alunos do curso em diferentes projetos de Extensão, Pesquisa e para as próprias Unidades que compõem a grade do curso.
Pude notar o quanto a Saúde Coletiva tem buscado seu espaço e o mais interessante disso é que os protagonistas desse processo são os próprios alunos. Pesquisas muito interessantes foram apresentadas, com diferentes metodologias envolvendo, em vários trabalhos, intervenções importantes de serem disseminadas por aí. 
Que continuemos nesse caminho de inovações!

A FUTURA SANITARISTA