sexta-feira, 3 de julho de 2015

Saúde Coletiva e Bioestatística

A partir do que viemos estudando na Unidade de Bioestatística III e nas outras unidades do curso ao longo do semestre, pudemos refletir sobre quais são os determinantes socioeconômicos que influenciam no processo saúde-doença e como eles afetam os indivíduos e seus coletivos dentro da sociedade. Identificando as formas de análise dessas condições, podemos utilizar ferramentas da Bioestatística para otimizar os processos e visualizar quais são as prioridades. E para isso utilizamos de duas bibliografias principais, para introduzirmos nossos estudos:





Utilizando tais ferramentas é possível delinear o semblante de cada comunidade e, em se trabalhando com indicadores quantitativos, podemos utilizar o cálculo da média (para uma representação geral), ou da mediana (no caso de haver dados que influenciariam os valores por terem extremidades muito distintas) - dentre outras ferramentas - para avaliar, por exemplo, quais as populações mais vulneráveis a incidências de agravos e qual seu respectivo recorte demográfico e epidemiológico. 
Tudo isso colabora com o sanitarista na elaboração de propostas coerentes e adequadas para cada população-alvo, além de colaborar internamente com os serviços de saúde e sistemas de informação no preenchimento dos bancos de dados, nas análises situacionais de saúde, etc.  
Essa é uma breve descrição sobre uma parte de nossos trabalhos no decorrer desta UPP.
Até mais,
A FUTURA SANITARISTA

quarta-feira, 1 de julho de 2015

Estudo das populações negra e indígena na modalidade EaD do curso de Saúde Coletiva

Hoje trago minhas reflexões sobre os temas discutidos nos primeiros quatro módulos da Unidade de Tópicos Integradores em Saúde Coletiva III, modalidade EaD, do curso. A UPP, durante o primeiro semestre de 2015, abordou os temas acerca do que é o quesito raça/cor/etnia, racismo e gênero, racismo institucional, Política Nacional de Saúde Integral da População Negra, e Saúde da População Negra e Indígena e o SUS. As discussões foram realizadas a partir de fóruns, que tiveram como base diversas produções textuais e audiovisuais.
No primeiro módulo, o fórum serviu para uma introdução da turma ao tema, onde pudemos além de colocar nossa visão sobre o que conhecíamos previamente, discutir acerca de dois vídeos. O primeiro e mais longo vídeo, intitulado “Vista minha pele”, permitiu-nos refletir sobre como seria se, historicamente, os brancos tivessem sido escravizados e consequentemente subalternizados pela sociedade. Para muitos, foi a primeira vez que este ponto de vista foi colocado, o que acabou sensibilizando a todos e motivando ao debate. O segundo vídeo, expõe a visão do Gustavo, um menino de 10 anos, que fala sobre a importância das culturas africana e afrodescendente serem ensinadas nas escolas do Brasil. Ele coloca sua opinião de forma muito inteligente, sem se limitar às produções sobre essa cultura, mas falando da importância dessa disseminação, do racismo em geral e sua visão sobre as principais consequências dele. Observando aos materiais disponibilizados, foi possível introduzirmos ao tema, tendo um pouco mais noções sobre a importância de reflexões sobre ele em mais espaços, tanto cotidianamente (nas esferas públicas e privadas), quanto ao longo da graduação. Além disso, durante esse primeiro momento, outros materiais foram disponibilizados pelos colegas e pela professora enriquecendo ainda mais o debate e facilitando as formas de relacionar o tema com outras áreas.

O segundo módulo trouxe para debate o artigo de Laura Cecília López, “O conceito de racismo institucional: aplicações no campo da saúde”, publicado na Revista Interface – Comunicação, Saúde, Educação, no ano de 2012. Foi um importante material de análise sobre o que temos como base teórica para debatermos o assunto, ainda mais sendo focado para o campo da saúde, onde o Brasil enfrenta duros problemas com o racismo institucional. A autora, além de trabalhar o conceito em questão, traz relações dele com as disputas do movimento negro e suas conquistas atreladas às políticas públicas, trabalha sobre a dimensão histórica do racismo institucional brasileiro, sobre as tecnologias que passaram a existir nos serviços do sistema de saúde do país, sobre as relações de biopoder envolvidas no estabelecimento de benefícios e oportunidades aos diferentes segmentos da população do ponto de vista racial e enfatiza a importância e a necessidade de pesquisas qualitativas de abordagem etnográfica que reflitam sobre como estão operando as instituições frente a esse tema. Assim como no primeiro fórum, foram trazidos outros materiais, porém buscou-se focar no debate acerca do que está colocado no artigo. Então, foi possível identificar que, por muitos anos, esta reflexão sequer chegava à academia e por isso ainda acontecem casos de extrema opressão e indignidade ligados à população negra nos serviços de saúde e em tantos outros.
Durante o terceiro módulo discutimos a importância das instituições conhecerem o perfil étnico-racial da população do Brasil. Para tanto, nos foi disponibilizado o manual “Como e para que Perguntar a Cor ou Raça/Etnia no Sistema Único de Saúde?” e o vídeo “Quesito cor”. O primeiro material trata sobre a importância do acolhimento, da orientação e do encaminhamento dos usuários nos serviços de saúde, sobre o sistema de informações de usuários(as) dos serviços de saúde e enfoca nas questões entorno da informação e coleta do quesito cor ou raça/etnia, mostrando os métodos e os motivos dessa coleta. Já o vídeo enfatiza que é necessário, para a formulação de políticas públicas, o conhecimento desses quesitos, afim de combater a desigualdade social do país, que impacta ainda mais na população negra. Ele denuncia os agravos que atingem com maior incidência essa população e também entrevista pessoas na rua para mostrar o que elas entendem como sua cor/raça, colocando o quão importante é que todas as pessoas saibam o que é racismo. No fórum desse módulo, foi trazida a necessidade de sensibilizar aos servidores do sistema de saúde para o levantamento do quesito raça/cor e de como fazer essa abordagem para que não haja um afastamento ainda maior de negros e negras dos serviços de saúde.

No quarto módulo, trabalhamos em cima do boletim “Análise do Quesito Raça/Cor a partir de Sistemas de Informação da Saúde do SUS” publicado pela Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo, em 2011. O material, além de fazer uma análise pelo recorte étnico-racial, incentiva aos serviços sobre a forma correta de trabalhar com esses dados e traz gráficos que ajudam a identificar a distribuição da população negra, os agravos mais incidentes, etc. Para o fórum realizado durante esse módulo, tivemos de buscar informações no boletim, sobre os agravos e doenças prevalentes nas populações que estivemos estudando, para podermos identificar alguns motivos para esta prevalência, e quais os determinantes para que essas populações sejam mais vulneráveis e refletirmos a partir disso sobre possíveis intervenções, ações e políticas. Conversamos também sobre a legislação (portarias e decretos) que dão suporte às ações já existentes voltadas para negros(as) e indígenas, e a importância de servidores e gestores estarem cientes do que consta em tais documentos, a fim de agirem adequadamente dentro dos serviços e no planejamento de novas ações.
As discussões contribuíram com a nossa formação crítica para que possamos pensar em como enfrentar os problemas ligados ao racismo e à discriminação de populações vulneráveis, tanto cotidianamente quanto institucionalmente, tendo o embasamento teórico e o compartilhamento de ideias para isso. A forma como os colegas empenharam-se em não estarem limitados apenas ao estudo dos materiais disponibilizados é um processo didático que merece destaque.  Também é necessário que este debate não esteja limitado aos fóruns e seja levado para outras esferas dentro e fora da universidade, pois é a partir de ações como essa que mudanças reais no quadro epidemiológico e de inclusão social das populações negras e indígenas, historicamente marginalizadas, podem acontecer. Precisamos criar um olhar de respeito às diversidades socioculturais e esse processo somente será possível com diálogos e intervenções que tenham envolvidos neles indivíduos provindos de diferentes realidades com a mesma oportunidade de se pronunciar nos espaços de debate, negociações e planejamento de ações.
Até mais,
A FUTURA SANITARISTA