quinta-feira, 22 de maio de 2014

Exercitando a reflexão crítica - 2 - analisando imagens:

Vivemos debatendo sobre os conceitos e concepções do que significa "normal" e "patológico", "saúde e "doença", sendo possível desenvolver longas conversas e algumas críticas sobre o modelo hegemônico que existe atualmente no sistema de saúde brasileiro. 
Observando a imagem acima, podemos identificar a posição que tomam uma grande parte dos médicos desse modelo. Falamos daqueles que se colocam, perante a sociedade, como sendo "seres superiores" por terem adquirido conhecimento científico. Aqueles que se colocam em uma zona de conforto (criando padrões de normalidade) e criam barreiras (às vezes representadas até pela própria mesa do consultório), o que lhes dá proteção e que serve de justificativa para estabelecer limites na relação médico/paciente.
Infinitas análises podem ser feitas a partir da observação da imagem e dos casos que acontecem cotidianamente nos serviços de saúde, mas o que principalmente precisamos entender é que construímos, conjuntamente, a otimização das ações de promoção da saúde, que fujam dos padrões de normalidade pré-estabelecidos, e uma melhor atuação dos profissionais da saúde, através de atividades integradoras que melhorem as relações interpessoais dentro dos serviços. 

  

segunda-feira, 5 de maio de 2014

Exercitando a reflexão crítica:

Texto - Ensinar exige a convicção de que a mudança é possível.
Paulo Freire

  Um dos saberes primeiros, indispensáveis a quem, chegando a favelas ou realidades marcadas pela traição a nosso direito de ser, pretende que sua presença se vá tornando convivência, que seu estar no contexto vá virando estar com ele, é o saber do futuro como problema e não como inexorabilidade. É o saber da História como possibilidade e não como determinação. O mundo não é. O mundo está sendo. Como subjetividade curiosa, inteligente, interferindo na objetividade com que dialeticamente me relaciono, meu papel no mundo não é só o de quem constata o que ocorre, mas também o de quem intervém como sujeito de ocorrências. Não sou apenas o objeto da História, mas seu sujeito igualmente. No mundo da História, da cultura, da política, constato não para me adaptar mas para mudar. No próprio mundo físico minha constatação não me leva à impotência. O conhecimento sobre os terremotos desenvolveu toda uma engenharia que nos ajuda a sobreviver a eles. Não podemos eliminá‐los mas podemos diminuir os danos que nos causam. Constatando, nos tornamos capazes de intervir na realidade, tarefa incomparavelmente mais complexa e geradora de novos saberes do que simplesmente a de nos adaptar a ela. É por isso também que não me parece possível nem aceitável a posição ingênua ou, pior, astutamente neutra de quem estuda, seja o físico, o biólogo, o sociólogo, o matemático, ou o pensador da educação. Ninguém pode estar no mundo de luvas nas mãos constatando apenas. A acomodação em mim é apenas caminho para a inserção, que implica decisão, escolha, intervenção, realidade. Há perguntas a serem feitas insistentemente por todos nós e que nos fazem ver a impossibilidade de estudar por estudar. De estudar descomprometidamente, como se misteriosamente, de repente, nada tivéssemos que ver com o mundo, um lá fora e distante mundo, alheado de nós e nós dele.

Impressiona a forma sintética com a qual Paulo Freire nos inquieta, a partir deste texto, em relação a enorme responsabilidade que o estudo tem de provocar mudanças e de superar constatações. O autor nos revela o quão capaz é o ser humano de gerar saberes e intervir na realidade e o quão fundamental o estudo se torna frente a tais intervenções. E a maioria de nós sabe, ou deveria saber, que para 'movermos' o mundo precisamos ser capazes de fazer constatações, até para nos apropriarmos do real conhecimento, mas principalmente transcender essa ação, ou seja, colocar os saberes em prática, refletir sobre eles, analisá-los, avaliá-los, entre outros aspectos, que cabem também às características de um sanitarista. A Saúde Coletiva, principalmente, como campo do conhecimento busca compreender e implementar essa convicção da possibilidade de mudança que Paulo Freire contextualiza. Somos todos sujeitos do mesmo mundo e necessitamos agir como tal, buscando conhecimento, fazendo constatações e intervindo, ou seja, mudando!

A futura sanitarista,
Luiza